Mesmo na barriga da mãe, o bebê já é um paciente. Ele merece atenção e cuidados especiais. O principal deles é o acompanhamento médico pré-natal, que pode ser decisivo para a saúde e qualidade de vida tanto antes quanto após o nascimento. E uma das principais ferramentas utilizadas para isso é o exame de ultrassom morfológico.
“O ultrassom morfológico permite realizar o diagnóstico precoce de diversas patologias. Com isso, os pais e as mães podem se preparar para o parto e oferecer um futuro melhor para a criança que está por nascer” – Dr. Mario Julio Franco (CRM-SC 9898), Especialista em Medicina Fetal.
Durante o acompanhamento pré-natal, o ultrassom morfológico deve ser realizado, pelo menos, duas vezes: uma no primeiro trimestre, por volta 13 semanas de gestação, e uma no segundo semestre, entre 20 e 24 semanas.
Abaixo, o Dr. Mario Julio Franco (CRM-SC 9898), Especialista em Medicina Fetal, explica como funciona o ultrassom morfológico e o que acontece caso algum problema seja identificado.
Ultrassom Morfológico do Primeiro Trimestre
O ultrassom morfológico do primeiro trimestre deve ser realizado por volta de 13 semanas de gestação. Ele tem ênfase em três aspectos determinantes tanto para a saúde do bebê quanto de sua mãe. São eles:
- A predição de fenômenos vasculares placentários, como a pré-eclâmpsia e restrição de crescimento fetal. Caso algum risco seja identificado, medidas preventivas podem ser adotadas, como o uso de medicamentos, como o Ácido Acetil Salicílico (AAS).
- Rastreamento de malformações congênitas maiores em diferentes órgãos e sistemas.
- Cálculo de probabilidade para doenças cromossômicas, como a Síndrome de Patau (Trissomia 13), Síndrome de Edwards (Trissomia 18) e Síndrome de Down (Trissomia 21).
“Muitas malformações congênitas podem ser corrigidas cirurgicamente após o nascimento, mas dependem de profissionais e estrutura específica para isso. Com o Ultrassom Morfológico do primeiro trimestre, é possível saber precocemente se o bebê vai precisar desse tipo de cuidado e se programar. Mães que vivem em áreas afastadas e sem UTI Neonatal, por exemplo, devem procurar dar a luz em locais apropriados para as condições dos recém nascidos” – Dr. Mario Julio Franco (CRM-SC 9898), Especialista em Medicina Fetal.
Durante o exame, caso alguma malformação seja identificada, os pais são imediatamente informados a respeito. Além de receber as informações disponíveis, eles deverão ser encaminhados para os profissionais especialistas da área, como os cirurgiões pediátricos.
Já nos casos em que o ultrassom morfológico do primeiro trimestre mostra uma alta probabilidade para a ocorrência de síndromes – como na técnica de translucência nucal para Síndrome de Down – os pais também são informados imediatamente. Entra em ação então toda uma rede de acolhimento, que pode envolver profissionais de diferentes áreas como assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e geneticistas.
Ultrassom Morfológico do Segundo Semestre
Esse exame é conhecido como o exame de ultrassom morfológico clássico. Nele, o médico responsável faz uma avaliação sistemática do desenvolvimento de todo corpo do bebê – dos pés à cabeça.
No ultrassom morfológico do segundo semestre, o ultrassonografista mede várias estruturas e avaliam o fluxo de múltiplas artérias que irrigam os órgãos do bebê na barriga da mãe. Com essas informações, é possível ter uma boa ideia da saúde do feto. Entre as principais avaliações feitas nesse exame, estão:
- Avaliação das estruturas cranianas (Biometria craniana);
- Avaliação da Face e Pescoço
- Avaliação do Tórax e coração
- Avaliação do conteúdo abdominal
- Avaliação das Vias Urinárias
- Avaliação do aparelho esquelético (Biometria esquelética);
- Avaliação do fluxo sanguíneo nas Artérias Uterinas e na Artéria Umbilical.
No ultrassom morfológico do segundo trimestre, deve-se avaliar também a espessura do colo do útero da mãe, por via endovaginal. Essa medida é muito importante para predizer os riscos de parto prematuro permitir o emprego de medicação específica para prevenir estes partos antes do termo da gravidez.
“É preciso lembrar, no entanto, que apesar de muito avançado, o ultrassom morfológico não é capaz de detectar todos os problemas que podem atingir os bebês. Ainda assim, este exame é fundamental para a saúde da mãe e da vida que ela está gerando” – Dr. Mario Julio Franco (CRM-SC 9898), Especialista em Medicina Fetal.
Sobre o autor: Dr. Mario Julio Franco (CRM-SC 9898) é Especialista em Medicina Fetal e Coordenador do Núcleo de Ultrassonografia e Medicina Fetal do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina e também Diretor Científico de Obstetrícia da Associação de Ginecologia e Obstetrícia de Santa Catarina (SOGISC).