O prognóstico de Apendicite em Crianças é bastante favorável se for feito o diagnóstico e tratamento precocemente.

O apêndice é um resquício embriológico da formação do intestino. Está localizado na transição entre o intestino fino e o grosso – mais precisamente no ceco, que é a primeira parte do intestino grosso. 

A entrada do apêndice pode ser obstruída por uma hiperplasia dos linfonodos (popularmente chamada de íngua) ou por um pedaço de fezes. Quando essa obstrução acontece, ocorre a proliferação de muco e bactérias na região. Assim, o processo inflamatório é desencadeado. Essa inflamação é o que chamamos de apendicite. 

O processo inflamatório é sempre evolutivo para pior. Ou seja, não existe “princípio de apendicite”. 

“A afirmação “eu tive uma dor que melhorou, então era um princípio de apendicite que não é mais” é incorreta. O que pode acontecer é o paciente apresentar dor abdominal, suspeitar de apendicite, mas não ter o diagnóstico confirmado.” Dra. Bianca Dias Bastos, Especialista em Cirurgia Pediátrica (CRM/CE 23400 RQE 12194)

A apendicite não se cura sozinha. Confirmado o diagnóstico, é necessário remover todo o apêndice.

Não existe um sintoma totalmente específico da apendicite. Nas primeiras 24 horas, o diagnóstico é mais difícil, pois os sinais e sintomas se confundem com os de outras doenças. Porém, com o passar do tempo, vão ficando mais claros. Entre os sintomas clássicos da apendicite, estão:

Sintomas da Apendicite

  • Dor abdominal 
  • Febre
  • Náuseas e vômitos 

É importante ressaltar que nem todas as crianças manifestam os sintomas da mesma forma. Por isso, o trabalho investigativo por parte do médico é fundamental.

Fatores de Risco

Qualquer pessoa pode desenvolver inflamação no apêndice. Dessa forma, não existem comportamentos de risco que podem contribuir para o problema. 

Na análise do médico, outras doenças comuns a cada gênero e faixa etária devem ser levadas em consideração como por exemplo cistos ovarianos e torção de ovário nas meninas. 

Diagnóstico da Apendicite em Crianças

O diagnóstico da apendicite é clínico, baseado na história do paciente e na palpação do abdômen. Em geral, recomenda-se deixar a criança em observação para o acompanhamento da evolução dos sinais e sintomas. Além disso, exames como hemograma, exame de urina e radiografia (raio X) podem auxiliar no diagnóstico. Por vezes, podem também ser solicitados exames de imagem, como ultrassom e tomografia, como complemento.

“Às vezes, ultrassom e tomografia podem não visualizar o apêndice. Por isso, o diagnóstico clínico, realizado pelo médico, é o principal. Não adianta a tomografia confirmar que é apendicite se a anamnese e o exame físico não forem compatíveis. Nós não operamos um exame, nós operamos uma criança.” Dra. Bianca Dias Bastos, Especialista em Cirurgia Pediátrica (CRM/CE 23400 RQE 12194)

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução da apendicite. Se houver necrose, perfuração e secreção purulenta, e não for feito o tratamento adequado, o estado geral da criança será comprometido. A infecção localizada pode se espalhar e evoluir para uma sepse grave – podendo afetar o funcionamento de um ou mais órgãos.

Tratamento 

O tratamento da apendicite é cirúrgico, mesmo em crianças. A remoção do apêndice deve ser realizada assim que o problema for diagnosticado. No entanto, é importante saber que a cirurgia para retirada de apêndice também possui complicações.

 Atualmente, há duas técnicas para a cirurgia de apendicite, como é popularmente chamada:

  • Tradicional: chamada de Técnica aberta, trata-se da retirada do apêndice através de uma incisão na região abdominal. Como necessita de uma maior manipulação da região, a recuperação é mais lenta. Além disso, apesar da cicatriz não ser grande, é maior do que a cicatriz da cirurgia por vídeo.
  • Videolaparoscopia: começa através de uma pequena incisão na região do umbigo. Por ela, o cirurgião pediátrico insere uma pequena câmera de vídeo e por mais outros 2 orifícios os demais  instrumentos cirúrgicos. Geralmente, o apêndice é retirado pelo umbigo. A recuperação é mais rápida e a cicatriz menor, podendo ser quase imperceptível.
  • Além do tratamento cirúrgico, as crianças com apendicite deve seguir um tratamento com antibióticos, conforme indicação médica. 

Pós-operatório de Apendicite em Crianças

Quando diagnosticada em estágios iniciais, a recuperação da apendicite é tranquila. Geralmente, o paciente pode voltar para casa no dia seguinte da cirurgia. Após a alta, também pode seguir com a alimentação normal. 

Porém, em casos mais graves, o paciente precisa de um cuidado alimentar maior na sua recuperação. Assim, a progressão da dieta via oral é mais lenta sendo necessário, às vezes, dias em jejum e nutrições especiais na veia. 

Geralmente, as crianças que passam por uma cirurgia de apendicite voltam para casa com a recomendação de evitar atividades físicas de impacto por 30 dias, assim como as crianças em idade escolar que passam por cirurgia de Hérnia Inguinal. 

A apendicite é uma das doenças cirúrgicas mais operadas nas emergências. Se o seu filho apresenta dor abdominal, leve-o ao hospital. Converse com o médico, explique os sintomas e tire suas dúvidas. O trabalho de investigar é essencial para detectar o problema e tornar a recuperação mais tranquila.