A Gastrosquise é uma anomalia congênita que exige muita atenção e paciência dos pais – além de entrosamento e afinidade da família com toda a equipe médica. Essa doença consiste na malformação da parede abdominal do bebê ainda na barriga da mãe, com o surgimento de um orifício geralmente localizado à direita do cordão umbilical. 

O conteúdo exposto pela Gastrosquise quase sempre é formado pelo intestino delgado e grosso, estômago e fígado. A doença acomete aproximadamente 1 bebê para cada 10.000 nascidos vivos e pode levar semanas para que seja definitivamente corrigida. 

“Na Gastrosquise, os músculos e a própria pele da parede abdominal do feto não se fecham completamente. Dessa forma, permitem que parte do intestino e mesmo de outros órgãos, como o estômago e bexiga, fiquem expostas ao líquido amniótico e, posteriormente, ao ambiente pós-parto, sem proteção.” – Dra. Bianca Dias Bastos (CRM/SC 15849 RQE 11693), cirurgiã pediátrica.

Abaixo, falaremos mais sobre o diagnóstico e o tratamento da Gastrosquise.

Fatores de Risco

A idade da mãe é um fator relacionado à doença. A Gastrosquise costuma acontecer com maior frequência em bebês filhos de adolescentes. Além disso, o uso de drogas também é um fator que colabora para a ocorrência do problema.

Fatores de risco para a Gastrosquise:

  • Idade materna abaixo de 20 anos. 
  • Consumo de drogas como  álcool , tabaco e cocaína durante a gravidez.

Diagnóstico de Gastrosquise

A Gastrosquise pode ser diagnosticada ainda na fase pré-natal, no ultrassom morfológico. Caso isso não aconteça, o diagnóstico será feito após o nascimento. 

“Em aproximadamente 15% dos casos, a Gastrosquise pode estar associada com outras malformações. Entre elas, atresias e estenoses intestinais. Assim, o bebê que apresenta Gastrosquise pode precisar de outras cirurgias para correção.“ – Dra. Bianca Dias Bastos (CRM/SC 15849 RQE 11693).

Bebês com malformações, como Atresia de Esôfago, Onfalocele e Gastrosquise precisam de cuidados especiais. Por isso, assim que estes problemas forem diagnosticados, é muito importante que a família procure um cirurgião pediátrico.

Além de tirar todas as dúvidas e de preparar a chegada do bebê de forma adequada, esse primeiro contato é importante para que a família e o profissional se conheçam, uma vez que essa relação se estenderá por muito tempo. 

“O momento do diagnóstico de uma anomalia congênita é sempre muito difícil. Ter um profissional competente e com quem a gente se identifica ao nosso lado deixa tudo mais fácil. Por isso, consultar o cirurgião pediátrico é tão importante, antes mesmo de o bebê nascer.” –  Dra. Bianca Dias Bastos (CRM/SC 15849 RQE 11693).

Tratamento Cirúrgico

O tratamento para a Gastrosquise é sempre cirúrgico e deve ser feito imediatamente. O objetivo, dependendo do tamanho da Gastrosquise, é reinserir as partes dos órgãos expostos de volta ao abdome e fechar o orifício. Para isso, no entanto, podem ser necessárias mais de uma cirurgia. O ideal é que a equipe cirúrgica já esteja a postos no momento do nascimento do bebê. 

“Nos casos em que a Gastrosquise já está diagnosticada, assim que o bebê nascer, o médico pediatra na sala de cirurgia irá realizar um curativo no local da Gastrosquise e encaminhar o bebê para a cirurgia. Nos casos em que a Gastrosquise é diagnosticada após o nascimento, o médico pediatra também faz o curativo na sala do parto, mas é preciso esperar que toda a estrutura cirúrgica seja montada.” – Dra. Bianca Dias Bastos (CRM/SC 15849 RQE 11693).

Além disso, bebês com Gastrosquise precisam do suporte de uma UTI Neonatal para sobreviverem. Assim, é importante que pais, médicos e hospital/maternidade estejam preparados para atender o bebê e conduzir o tratamento. 

A Gastrosquise pode provocar:

  • Infecções;
  • Perda de calor;
  • Necrose e perda de parte do intestino. 

Pós-operatório da Gastrosquise

Por mais que pareça simples, o tratamento cirúrgico da Gastrosquise não consiste apenas em reinserir os órgãos na cavidade abdominal do bebê. Muitas vezes, essa inserção pode provocar repercussões fisiológicas importantes. Elas se refletem especialmente na circulação sanguínea – o que precisa ser cuidadosamente estudado pelo cirurgião pediátrico.

“Outro problema é o funcionamento do intestino. Além de introduzi-lo para a cavidade abdominal, é importante garantir que ele esteja funcionando corretamente. O intestino exposto do bebê, por exemplo, ao ficar muito tempo em contato direto com o líquido amniótico, tende a ficar mais espesso (peritonite intestinal) e demorar para funcionar.” – Dra. Bianca Dias Bastos (CRM/SC 15849 RQE 11693), cirurgiã pediátrica em Florianópolis/SC.

Mesmo bebês com gastrosquises pequenas podem ter que ficar internados por semanas ou meses até que os órgãos possam voltar a funcionar perfeitamente. Nesse tempo, o contato e o entrosamento com toda a equipe multidisciplinar responsável é fundamental. O carinho e a atenção do médico para com a família pode deixar esse desafio um pouco mais leve e fácil de superar. 

Cuide da saúde do seu bebê. Realize o pré-natal e, diante da descoberta de problemas como a Gastrosquise, busque orientação de um cirurgião pediátrico.